O trabalho da Ana Rebordão lá está. Discreto e desconcertante. Uma tela ladeada por duas projecções luminosas, tão luminosas que os corpos, amarelos e com movimentos quase imperceptíveis, não se distinguem à primeira vista. Depois de habituar o olhar ao ambiente luminoso daquele recanto da sala de exposições, o visitante tenta descodificar o que à vista se lhe oferece. Na tela (painel central) a pintura sobrepõe os dois corpos das laterais. Suave, discretamente, é necessário querer ver para que a imagem ganhe sentido.
A Ana está em Itália. Não participou no "colóquio" e os que aí se deslocaram ficaram na posse das mesmas dúvidas e perplexidades que aquele trabalho lhes provoca. Certamente.
Propor o "casamento" improvável entre duas formas de expressão artística que se empurram mutuamente no panorama da arte contemporânea não é uma via óbvia para iniciar e desenvolver um percurso artístico. Mas é uma ideia luminosa. Luminosa como as imagens projectadas. Luminosa como são as boas ideias, as premonições que nos levam a disparar em direcção a um futuro que, agora, se adivinha.
A ver. Atentamente.
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